o caminho

Há um caminho que percorro todos os dias depois de horas seguidas com dores no peito. Tudo cá dentro está muito apertado, olho para ti e ai que dor, desvio a cara para não sentir que a vida passou por ti e que a vida em mim vai em câmara lenta. O peito, o coração dói-me muito, quer dizer que estás a abandonar-me? Sim. Que bom.

Há um caminho que percorro depois da agonia que sinto todas as manhãs, e é um caminho doce, com música nos ouvidos, pés a equilibrarem-se no passeio fino à margem da rua e mãos caídas que sentem o vento a fugir pelos dedos como tu me fugiste pelos dedos como eu te vou largando com o vento.

O ponto alto do meu dia é quando o peito deixa de me doer, é quando caminho, às vezes pelo percurso mais longo, e me sinto leve.

rip

eu sou perita em deixar morrer, diz-se por aí, mas há um corpo que ainda não morreu e que quando morrer vai ficar dentro de mim, um defunto a apodrecer com o tempo a passar...
blueberry pie and icecream, mnham