Ontem adormeci a ver-te dormir.

Ontem adormeci a ver-te dormir. Estavas de tronco nu, deitado de barriga para baixo e dormias tão profundamente que fiz de tudo para não te acordar. Por momentos consegui ver-te calmo, suave e a sonhar. Estavas tão diferente do dia-a-dia, aquele teu quotidiano agitado e frenético, onde te exaltas por tudo e por nada e berras palavras que doem ao ouvir sempre que te zangas com alguém. Gostei de te ver assim. Observei-te pelo menos durante vinte minutos e soube mesmo bem!
Subitamente deu-me vontade de um último cigarro. Enquanto procurava o isqueiro para o acender, mexeste-te. Disseste palavras que não entendi e sons que não captei. Mexeste-te bruscamente e saltei com a agitação toda, e enquanto expelia o fumo do cigarro pela boca, disses-te o meu nome…
Fiquei sem perceber se ao entrar no teu sonho, o tornaria bom ou mau. Se estavas a discutir comigo ou a dizer que me amavas… não percebi. Adorava que me dissesses que me amas, quase que não o dizes, não sei se és tímido ou se trancas os sentimentos a sete chaves no teu duro coração.
Apaguei o meu cigarro e abanei as mãos em meu redor para que o fumo se alastrasse e não ficasse acumulado no quarto. Deitei-me ao teu lado e beijei a tua solene cara, apetecia-me agarrar-te dizer muito alto que te amo e que adoro estar contigo, mas apenas te beijei levemente a testa e adormeci a olhar para ti…

1 comentário:

Anonymous disse...

Ah, o cigarro pensativo...!
Eis que começa a obsessão. Pena que fumar mata...
Anubis