Quando chego a casa
Quase sempre me descalço e enfio nos pés as minhas meias mais quentes, amarro o cabelo, visto o meu casaco velho e roto e sento-me à janela

E é aí que observo o lado de fora, o exterior, que ainda há pouco tempo abandonei
Da minha janela vejo coisas que não costumo ver quando passeio, vejo o vento a brincar com as arvores, os pássaros a picar a terra, as abelhas a voar contra o vidro, o céu a escurecer, tu a ires-te embora,
A lançares um beijo com a mão. tu a deixares-me para trás, pouco a pouco, cada vez mais
E eu daqui vejo tudo aquilo que não vejo quando passeio
Quando chego a casa
Quase sempre bebo um chá de camomila e como um pão com compota de amora doce
Quando chego a casa e por alguma razão fecho os olhos, são os teus que vejo
Eu olho os teus olhos e decoro-os, para quando chegar a casa e fechar os meus, ver os teus.

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